segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Texto de um padrinho

Este terceiro sujeito
(por Lucas Pedro)


Quando era criança imaginava que casamento era algo fácil de dar certo, duas pessoas se encontram, se amam, decidem, casam e vivem felizes. Hoje, vejo o casamento como um mistério do coração, duas pessoas ligadas pelo simples desejo de estar juntas, como num truque de mágica, onde o artista controla um objeto no ar, mas os espectadores não conseguem ver o fino fio que liga as mãos ao objeto. No casamento, estamos juntos até que um diga: "não quero mais". Sofre quem fica, quem vai, e, no caso de filhos, quem está no meio. Mas este terceiro sujeito, continua vivo, continua sendo passado e se fazendo presente.

Ouvi dizer e concordo com a teoria de que a união de dois elementos não é apenas um agrupamento, em alguns casos, estes elementos se transformam, gerando um outro terceiro elemento, até então inexistente. Meu casamento completou nove anos, nem eu, nem a Ju, ele completou. É um menino, já sabe se expressar, sabe se locomover, foi alfabetizado, começou entender seus sentimentos, chora bem menos, adoece menos, escolhe amigos e sabe se afastar de alguns perigos. Já trocou os dentes de leite por grandes dentes permanentes e apesar de ainda ter muito a aprender, promete ser um bom sujeito.

Casamento é cruzamento de amor com vontade. Amor que é cola. Vontade que é ato de colar, de fazer o que certo pra ver o certo dar certo. Vontade de usar o amor pra se fechar diante de tantos amores possíveis e se dedicar a um só. Amor que gera vontade de ficar junto, de dividir o lucro e o prejuízo, o custo e o benefício. Amor involuntário que ama sem sentido, com vontade voluntária que age lúcida e consciente. Amor de ficção, vontade de razão.

Para os céticos, instinto humano.
Para os fiéis, mistério de Deus.


"Amor não é olharem um para o outro, mas sim olharem ambos numa mesma direção" Antoine de Saint-Exupéry

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